segunda-feira, 12 de outubro de 2009

TANOREXIA


Quando existe uma obsessão de estar cada vez mais bronzeado, continuamente, mesmo nos meses invernais e a qualquer custo, a despeito dos danos causados pelo sol, estamos de frente a um distúrbio comportamental de ordem psíquica chamado TANOREXIA.
A palavra, deriva do verbo inglês “to tan” (“bronzear”) e faz parte do mesmo motor propulsor da conhecida Anorexia. Assim como os anoréxicos tem uma visão distorcida da sua própria imagem corporal, considerando de forma obsessiva que nunca estão suficientemente magros, os tanoréxicos consideram que nunca estão suficientemente bronzeados.
A tanorexia afeta ambos os sexos na Itália, sendo mais notada em mulheres magras, com idades entre 16- 40 anos, freqüentemente com aspecto da pele desidratada, baixa auto-estima, preocupação excessiva com a sua aparência, ansiosas e principalmente as provenientes do norte do país. Ela afeta duas em cada 10 adolescentes. E é alarmante como um problema de saúde pública tendo em vista os crescentes diagnósticos de câncer de pele (principalmente a forma maligna, o melanoma) e a falta de campanhas sobre fotoproteção no país.
Cerca de 30% dos italianos consideram completamente desnecessário o uso de fotoprotetores durante a exposição solar. A resposta dominante foi a freqüência da exposição sem proteção durante longos anos, considerando assim que a pele já teria se ‘acostumado’ ao sol. Há comprovação científica na fotodermatologia que o dano causado pelo sol é cumulativo, ou seja, existe a ‘memória celular’ só que essa refere-se ao castigo sofrido a cada verão sem fotoproteção. E ela não perdoa.
Duas características marcantes da tanorexia, além da recusa de proteger a pele com filtros solares, são o uso excessivo dos autobronzeadores e a dependência do bronzeamento artificial nos meses frios. Há relatos de adolescentes que freqüentam sessões até 3 vezes durante a semana ininterruptamente. A câmara de bronzeamento artificial possui lâmpadas com radiação ultravioleta que reproduzem em potência 15 vezes a luz solar do meio-dia, aumentando estratosfericamente o fotodano como envelhecimento precoce da pele (rugas), riscos de lesões e queimaduras solares e o assombroso câncer de pele. Vale ressaltar que o câncer de pele é o tipo de câncer mais comum e em 90% dos novos casos de câncer relatados nas estatísticas mundiais anuais, 2 milhões são atribuídos ao câncer de pele, sendo responsável por 50 mil mortes em mulheres a cada ano.
Existe uma explicação neurofisiológica para a dependência dos tanoréxicos além do fator estético: a luz solar estimula a produção de endorfinas, principalmente o neurotransmissor serotonina, conhecido como a substância do prazer, do bem-estar, relax, da satisfação e até mesmo da euforia. Uma vez privados desta sensação, os tanoréxicos se tornam bastante deprimidos e reiniciam o ciclo vicioso em busca da sensação de bem-estar serotoninérgica. Vale lembrar a estatística da Organização Mundial de Saúde acerca dos mais altos índices de depressão, cursando ou não com suicídio, nos países desprovidos de abundantes dias ensolarados, como os países nórdicos.
A tanorexia, popularmente conhecida como “Síndrome de Posh e Becks” (alusão ao ‘casal celebrity’ Beckham) também afeta (aqui citado em ordem decrescente) os Estados Unidos, Inglaterra, Espanha e Portugal- cada um com seu fiel representante ‘celebrity’. Este mal tem cura com suporte psicoterapêutico. O restante (o que não é classificado como patológico) é puro modismo ou o senso excessivo de cuidado com a aparência característico do povo italiano.

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